Cenário após condenação de Jair Bolsonaro pelo STF e perspectiva de corte de juros pelo Fed estão no radar dos investidores.
O dólar completou a terceira sessão consecutiva de queda no Brasil e encerrou a sexta-feira no menor valor em 15 meses, a despeito de a moeda norte-americana sustentar ganhos ante as demais divisas no exterior. Na casa dos R$ 5,35, atingiu o menor valor desde junho de 2024 – ou 15 meses.
A perspectiva de cortes de juros pelo Federal Reserve nos próximos meses, somada à manutenção da taxa básica Selic em 15% no Brasil, reforçava a avaliação entre os agentes de que a tendência de curto prazo para o dólar é de queda em direção aos R$5,30.
Qual a cotação do dólar hoje?
O dólar à vista encerrou a sexta-feira em baixa de 0,69%, aos R$ 5,3537 — menor valor desde 7 de junho do ano passado, quando fechou em R$5,3247. Na semana, a divisa acumulou queda de 1,11%.
Às 17h06 na B3 o dólar para outubro — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,72%, aos R$5,3760.
Dólar comercial
- Compra: R$ 5,353
- Venda: R$ 5,354
Dólar turismo
- Compra: R$ 5,384
- Venda: R$ 5,564
O que aconteceu com o dólar?
No âmbito interno, seguiu a repercussão da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e a melhora da avaliação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. No cenário econômico, o mercado olha para as decisões de política monetária do Banco Central e do Federal Reserve (Fed) na próxima semana.
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão e à inelegibilidade por oito anos, junto a outros sete réus, o que gerou forte repercussão dentro e fora do Brasil. O governo dos EUA classificou a decisão como “caça às bruxas” e o presidente Donald Trump chamou o julgamento de “terrível”. O Itamaraty respondeu que o Brasil “não se intimidará”, e o presidente Lula afirmou que novas medidas serão tomadas.
Ao mesmo tempo, a pesquisa Ipsos-Ipec publicada na quinta-feira (11) mostrou melhora na avaliação positiva do governo Lula, que avançou de 25% para 30%, enquanto a negativa caiu de 43% para 38%.
No campo econômico, o IBGE divulgou nesta sexta-feira o desempenho dos serviços em julho. O volume do setor subiu 0,3% no sétimo mês do ano ante junho. O resultado veio abaixo da mediana das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,4%, com intervalo entre +0,1% e +0,8%. Frente a julho de 2024, o volume avançou 2,8%, sua 16ª taxa positiva consecutiva e igual a mediana das previsões. O acumulado no ano foi de aumento de 2,6%, e o total em 12 meses, de 2,9%.
Para André Valério, economista sênior do Inter, no âmbito doméstico, a condenação do ex-presidente Bolsonaro pelo STF torna o cenário eleitoral mais claro, fortalecendo potencial candidatura do Tarcísio, que é bem-vista pelo mercado. No âmbito internacional, a perspectiva do início do ciclo de cortes nos juros americanos aumenta a atratividade do real, que é uma das moedas com maior carry no mundo, e que irá aumentar à medida que o Fed corte e o Copom mantenha a Selic em 15% pelo menos até o fim do ano, avalia,
Olhando para o curto prazo, na próxima semana, aspectos políticos e econômicos devem ditar o movimento do câmbio. “Na quarta-feira teremos as decisões de juros nos EUA e no Brasil e se o cenário de corte nos EUA se confirmar, devemos observar o real manter a tendência de apreciação. Por outro lado, existe a incerteza sobre uma possível retaliação do governo Trump à condenação de Bolsonaro, que poderia adicionar volatilidade ao câmbio nos próximos dias”, avalia.
Comentários: